Só mais uma sexta


Fazia parte da rotina dele aquilo tudo. Já estava acostumado a toda sexta feira a noite, colocar sua mochila e ir pra rodoviária lá por volta das 22:00 e ficar lá, esperando a meia-noite, e depois, esperar mais seis horas de sono e ar condicionado pra chegar em casa. Não era a vida que ele sonhava. Mas era o que precisava passar pra chegar nessa tal vida dos sonhos.
Era mais uma dessas sextas qualquer. Como sempre, lá estava o nosso herói, mais uma vez esperando. Colocou seus fones, e observava o vai e vem da rodoviária: pra onde será que essas pessoas vão? Algumas pessoas já eram conhecidos de vista, aqueles frequentadores das rodoviárias às sextas a noite. Mas os novatos sempre eram mais interessantes.
Percebeu uma família que ia passar as férias em outro estado, uma mãe que se despedia do filho, o casal de namorados apaixonados, um pai com suas filhas gêmeas, e uma moça perdida. Foi nela que fixou o olhar.
Primeiro, porque ela lhe pareceu familiar. Segundo, porque ela realmente não sabia o que fazer. Carregava uma mala que mal conseguia empurrar, em cima dessa outra mala menor, uma mochila, uma bolsa de mão e tentava equilibrar um livro, fones de ouvido, descanso de pescoço e a passagem na outra mão. Não era de se esperar que logo a rodoviária inteira observasse a moça equilibrista.
A moça observou mais uma vez a passagem, e enquanto seus olhos procuravam a tal plataforma, passou por nosso herói, e parou há alguns metros dele, onde criou sua própria cadeira de malas. Ela parecia gostar de se virar sozinha, ou pelo menos tentava fazer isso muito bem. Sentou. Observou suas mãos vermelhas que ardiam, e como num consolo abanar o ar na tentativa de sanar a dor. Não se importava no que os outros pensavam dela. Vivia num mundo tão seu, que nem sabia se as pessoas realmente observavam ela.
Nosso herói esboçou um sorriso ao observar a moça equilibrista. Imaginou como seria a vida dessa moça, pra onde ela ia, o que fazia, do que gostava. Mas antes que pudesse se atentar a mais detalhes, a moça equilibrista tomava seu rumo na direção oposta, e deixava nosso herói com suas perguntas sem respostas, e talvez um amor perdido.

Era só mais uma sexta feira a noite na rodoviária.

10 comentários:

  1. Cara, você escreve muito bem! Adoro crônicas assim, sei lá você acaba se imaginando na história!

    Adorei conhecer seu blog, ele é super fofo! Estou te seguindo!

    Beijos da Bru

    http://www.umagarotaeseujeans.blogspot.com.br/

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  2. Adorei a crônica, fiquei imaginando a moça haha mas que pena ela ter ido :(

    Adolecentro

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    1. Às vezes havia algo melhor aguardando o nosso herói não é?

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  3. Yoo~
    Que crônica mais linda, e você escreve muito bem...sério. Adoro crônicas desse tipo, eu fiquei imaginando, e foi a coisa mais bizarra de todas kkkkkkkkkkkk'
    Enfim, seguindo aqui. Retribui?
    Beijos, Blog da Juju.

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  4. Que lindo, suas histórias são maravilhosas!!
    bjs!!
    http://josymariah.blogspot.com.br/

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  5. Amoo crônicas! Amei a maneira com que você descreveu a situação.
    Tão profundo e tão simples ao mesmo tempo.
    Arrasou Ka!
    Mil beijinhos
    http://llaranjas.blogspot.com.br/

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    1. haha ai que bom Lu!! Acho que as coisas mais bonitas da vida são assim: simples e profundas!

      Beijão!!

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