As pessoas ainda leem blog em 2023?

Em um tempo passado, quando não tínhamos internet à ponta do dedo e precisávamos revezar o acesso à rede com o telefone, eu criei meu primeiro blog. 

O ano era 2006. Você precisava de um convite para fazer parte do orkut, só podia postar 12 fotos no álbum e chamávamos as mensagens de scrap. Ah, como era bom receber um depoimento e se sentir querido né?

Nessa época, os blogs eram como um diário virtual. Falávamos sobre gostos, contávamos histórias, criávamos poemas e era basicamente sobre a vida offline. A vida era mais fácil. 

Meu primeiro blog era todo preto, com uma ilustração de um anjo azul (meu deus que brega) e com algum lindo nome que minha memória apagou. Eu escrevia o que sentia e o blog me completava junto com meus livros. 

Um tempo depois, criei um outro blog, mais simpático, com nome gringo e com pegada de diário. Esse durou um pouco mais, mas logo que saí do ensino médio já sentia que não me pertencia mais e que era hora de criar algo que fosse de fato eu. E assim nasceu o Ka com K. 

Desde então, mil vidas vivi. Passei na faculdade, me formei, vivi um luto, um trauma, uma depressão, viagens e passeios legais, operei, fiz outra faculdade, venci um câncer, engordei muitos kilos, me aventurei em coisas novas, criei um canal no youtube, virei noiva, mudei de área de trabalho, voltei pra casa dos meus pais, fiz natação, dança, teatro e uma infinidade de altos e baixos que se vive em tantos anos. 

Hoje, com os 30 anos batendo na minha porta, a rotina apertada, e uma vida não resolvida, sinto falta daquela menina de 13 anos que escrevia o que sentia e compartilhava os sonhos que tinha. Alguns vão dizer que a vida é assim mesmo e mudamos o tempo todo. Outros vão dizer que não o passado nos constrói e não deve ser esquecido.

A verdade é que eu queria me conectar um pouco mais com quem já fui.  Ler um livro de romance para passar o tempo. Ir no cinema com minhas amigas e comer pipoca. Escrever um texto sem prazo para entrega e sem a cobrança de ser bom. E é isso que me traz aqui. Em um texto talvez sem sentido, mas em busca de mim mesma, e quem sabe de alguém do outro lado. 

Em uma internet, em que as pessoas criam textos por inteligência artificial, buscam conteúdos cada vez mais rápidos e dinâmicos, ouvem áudio na velocidade 2x e buscam ao máximo otimizar o tempo, a pergunta que fica é: as pessoas ainda leem blog em 2023?

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