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Vamos conversar sobre sonhos?


O que é sonho pra você? O que você fez hoje para conseguir realizá-lo?

Passei os últimos dias em completo desgaste mental. Me alimentei mal e pratiquei todos os tipos de sedentarismo existentes. E eu me peguei pensando em como um dia eu sonhei passar na universidade federal, morar fora de casa e tudo mais. E eu também me perguntei aonde foi parar aquela menina que sonhava com tantas coisas. 

Quando vim pra cá, meu sonho era fazer o Ciências Sem Fronteiras, um extinto programa do governo em que o estudante ganhava um intercambio de um ano. Eu tinha tanta convicção que conseguiria, que eu larguei tudo quando passei na federal: casa, amigos e a faculdade que eu já fazia. Talvez se naquela época eu soubesse que o programa seria extinto, não viesse pra Ouro Preto. Eu fui atrás do meu sonho, e de vez em quando a gente bate com a porta na cara. Foi o meu caso. Mas não me arrependo. Apesar de toda a saudade que eu sinto da minha casa, eu cresci muito como pessoa vindo pra cá, e tive a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas aqui, que quero levar pro resto da vida.

A questão é: eu deixei os meus sonhos morrerem com o primeiro 'não'. Eu me senti incapaz de realizá-los e os guardei lá dentro de mim, trancados a sete chaves. Eu fui deixando a chama deles apagar aos poucos. E um pedaço de mim foi apagando também. 

Nem todos tem a oportunidade (ou a sorte) de realizar seus sonhos de primeira. E precisamos aprender a resistir. Dói não conseguir realizar o seu sonho. Mas dói muito mais perdê-los. E é muito difícil quando se vai deixando esquecer. 

Eu tenho 22 anos, mas ainda não realizei muitos dos meus sonhos. Mas se eu parar de sonhar, provavelmente não vou realizá-los nunca. Se eu continuar sonhando, por mais que demore, um dia eu realizo. 

E é por isso que estou aqui, de peito aberto pra mudar de vida, e disposta a isso. Vou sonhar e lutar até os meus sonhos virarem realidade. E você? O que vai fazer com os seus sonhos?

Como foi: Janeiro


Janeiro é sempre o mês mais rápido do ano. Normalmente eu estou de férias, saio bastante com meus amigos, ou até mesmo viajo. Bom, esse mês foi um pouquinho diferente, e vocês já devem imaginar o motivo. Ano passado eu tentei fazer posts "My week", mas acabei desistindo. Algumas semanas são super agitadas, outras à base de estudos e provas. Mas sou bem esquecida, e gosto desse tipo de post que me deixa mais próxima de quem lê. E assim surge o "Como foi".

Janeiro começou quente lá em Fortaleza. Passei o Natal e o ano novo lá com a família do meu pai. Fomos embora dia 02, com esse pôr-do-sol direto do aeroporto. De lá, fizemos uma escala em Salvador, onde comemos Acarajé e eu me encantei por essa maquete da cidade (alô urbanista!). Todos os posts da viagem estão no marcador #Fortaleza

Assim que cheguei de Fortaleza, fui conferir a Exposição da Mafalda com uma amiga minha e gostei bastante. Como eu comentei nesse post, operei meus seios dia 09, e acabei ficando de molho a maior parte do mês, à base de Netflix. Recebi algumas visitas nesse período, mas foi bem difícil ficar tanto tempo em casa, sem poder fazer quase nada. Meu primeiro passeio light pós cirúrgico foi ir ao Shopping resolver um problema na Vivo. Na volta, me deparei com esse pôr-do-sol e achei que valia o click pra comemorar minha saída.

Enquanto eu ainda estava de repouso, minha estante nova chegou. Ela é linda e toda vermelha, uma das minhas cores preferidas, e super combinou com meu quarto, virou meu cantinho preferido. Final de semana passado conferi a Transarquitetônica, e amei, não só a exposição como o MAC também. Mas Janeiro terminou mais que especial: fui visitar uma amiga minha que está grávida, e eu não via ela desde quando ela mudou pro interior. Toda a positividade do mundo pra Carol e pra neném dela.

O que mais posso dizer de Janeiro? Bom, apesar de eu achar que a semana que passei em casa me recuperando demorou milênios pra passar, Janeiro foi bom. Tive até algumas participações especiais no Skype. Mesmo eu ficando de molho, depois que tirei os pontos tive uma recuperação rápida em pouco tempo, o que acabou me ajudando a curtir um pouco mais esse mês. Ainda não sei o que Fevereiro me aguarda, mas só espero que 2015 seja um bom ano. 
E a história continua...

Cápsula do tempo


Desde que eu tenho uns 12 anos, comecei a guardar pequenos pedaços da minha vida que passaram. O folheto de um passeio, uma letra de música, um chaveiro, um boletim, uma carta, um voucher de viagem ou qualquer coisa que eu acreditasse que marcou algo importante pra mim.

De vez em quando, pego essa caixinha e fico revivendo esses pedaços de história. Como aquele momento foi importante pra mim naquela época da minha vida. E como tanta coisa já aconteceu desde então, as conquistas que tive, as surpresas...

Há um tempo atrás, assisti uma matéria no Fantástico que me deixou com muita vontade de encher cada vez mais a minha caixinha ou até mesmo repetir a cápsula do tempo:



Criar uma cápsula do tempo consiste em escrever uma carta para o seu eu do futuro, contando como é a sua vida hoje, seus sonhos, desejos, o que espera quando a cápsula for aberta, como imagina o mundo, entre outras coisas.
 
É quase impossível lembrar da minha vida há 15 anos atrás. Dia 20 de Janeiro de 2000, eu tinha acabado de fazer 6 anos, morava em um apartamento em Santo André e estava me preparando para a primeira série, e provavelmente minha maior preocupação era com os meus brinquedos.
 
Mas como me imaginar daqui 15 anos? Estarei com 36 anos, espero que formada, e sendo bem sucedida na minha carreira. Mas será que estarei casada? Com filhos? Onde será que morarei? Como estarão meus pais e meu irmão? É esquisito pensar em uma vida tão distante e diferente.
 


Domingo, duas amigas minhas vieram me visitar e uma delas tem um encontro em Março, marcado desde 2010, com uma cápsula do tempo. Como nosso grupo de amigos já é de longa data, resolvemos propor a eles de criar nossa própria cápsula, para abrirmos em 2030.
 
Como a intenção é a de eu mesma não me lembrar das coisas que escrevi ou coloquei na cápsula, não posso postar fotos aqui. Mas vale a inspiração de criar algo assim. Daqui 15 anos teremos uma cabeça completamente diferente, e provavelmente não nos veremos mais com tanta frequência, mas eu acredito que a vida vale a pena por tudo o que já vivemos, que é eterno, nunca mudará.
 
E por mais que eu acredite que vou chorar muito quando abrir a minha cápsula (já está sendo difícil escrevê-la), é aí que eu tenho a certeza de que tudo valeu a pena, cada esforço, lágrima, riso e alegria. Quando vejo essas coisas da minha caixinha de lembranças tenho a certeza de ter tido uma vida sensacional. E não há melhor sensação no mundo.

O que 2014 deixou..



Faltam dois dias pro Natal, e com todo esse clima de final de ano me passa todos os acontecimentos dos últimos 357 dias, e como eu aprendi em cada coisa. Amanhã vou viajar, e não sei se vou conseguir escrever esse texto a tempo, então resolvi escrever hoje mesmo.

A primeira lição que aprendi esse ano foi sobre confiança. No final do ano passado tive um desentendimento com uma pessoa que eu considerava uma das minhas melhores amigas. Não me senti injustiçada, mas me senti traída. No começo desse ano descobri que tudo isso não passou de um grande impulso, o que me deixou mais chateada ainda. Perdoei o incidente, mas a amizade nunca mais foi a mesma. Confiança é como papel: se você amassa, ele não volta a ser como era antes.

Conheci pessoas maravilhosas, que hoje são minha família ouropretana. Cheguei à conclusão de que quando você convive com as pessoas, elas te passam aprendizados, e você as passa também. Algumas me ensinaram a viver a vida daquele momento, outras foram um exemplo de vida e estudo pra mim. Do mesmo modo que também aprenderam algo comigo (e espero que tenha sido algo bom! :)

Aprendi que o que é pra ser realmente nosso, chega com o devido tempo. Mas jamais podemos desistir sem tentar. Antes um arrependimento por algo que aconteceu, do que uma dúvida de como seria. Ah, e o que é realmente nosso, ninguém tira da gente, a não ser que já esteja na hora daquilo sair da sua vida.

A maior lição que eu tive esse ano, porém, envolve mais coisas do que eu gostaria. Minha família e amigos próximos me ensinaram que todos são sujeitos a precisar tirar forças de algum lugar pra continuar. Seja um abraço, um ombro amigo, ou só uma presença em determinadas ocasiões. 

Tive um medo muito grande de ter algo grave. Senti que precisava mudar a forma como levava minha vida. Pensar que poderia existir um mundo sem mim era a pior e mais estranha sensação. Se eu realmente estivesse algo grave, o que eu escolheria fazer?

Viver. Dançar. Sair. Ver gente. Fotografar. Escrever. Cantar no chuveiro. Ler. Beber. Conhecer mais gente. Ir a lugares novos. Aventuras novas.  Estudar. Viajar. Ir num show que eu gosto. Viver de alma e coração. 

2014 foi um daqueles anos que eu vou me lembrar com o coração apertado de saudades. Por tudo. Os problemas que eu passei foram necessários pra me deixar mais forte, e os momentos bons esse ano foram incontáveis. Espero que 2015 continue com essa boa energia que 2014 deixou.

Feliz natal, e um ótimo ano novo, cheio de surpresas boas ,)

Por uma vida sem dramas desnecessários


Antes que todos cheguem com sete pedras, deixa eu me explicar. Sei que cada um sabe o que sente, e que ninguém de fora é capaz de medir sentimento nenhum, seja ele bom ou ruim. Já sofri por coisas que eu não deveria, mas que me serviram de aprendizado, de escudo pra coisas que um dia podem me fazer sofrer muito mais. 

O maior medo que sempre tive foi o de perder as pessoas que eu mais amo. Para mim, não existe pior sentimento do que se perder alguém que se ama. É inconsolável. Não tem volta. 

A última vez que eu chorei foi por causa dos meus nódulos. Sei que eles não me fazem mal, mas também sei que não me fazem bem. Eu teria todos os motivos do mundo para sofrer de medo, angústia, ansiedade. Mas onde esse drama todo me levaria?

De que adianta sofrer muito por algo que não se tem culpa? Até mesmo se tivesse. Sofrer por algo que já aconteceu deve ser temporário. Sofrimento não pode ser um estilo de vida, só uma etapa do processo de aprendizagem. 

Na vida, tive o prazer de conhecer pessoas muito fortes. Pessoas que não deixavam que os problemas as abalasse. Pessoas que tinham de tudo pra reclamar da vida que tiveram, mas optaram por lutar contra o destino e em busca da vida que queriam. E eu acho que elas estão mais do que certas. Dramas desnecessários não levam a nada. 

Tive a sorte dos meus pais poderem me dar tudo aquilo que eu precisasse como pessoa. Sempre tive comida na mesa, água filtrada, estudei em boas escolas, tive acesso a bons hospitais e aos remédios que eu precisei. Mas sei também que muita gente não teve a mesma sorte, inclusive pessoas próximas a mim. 

Ver duas realidades tão diferentes me fez pensar em como as pessoas fazem dramas desnecessários. Como as pessoas reclamam tanto da vida que tem, ou melhor, da que não tem. Me incomoda saber que algumas pessoas aproveitam o pouco tempo de vida que tem do jeito que podem, enquanto outras desperdiçam uma vida reclamando. 

Antes de sair por aí dizendo que a vida não tem solução, pense um pouco em como a vida foi gentil com você. Você tem saúde, comida na mesa, estudo, acesso aos meios de comunicação, luz, água. Você tem pessoas que ama perto de você. Quantas pessoas queriam estar no seu lugar? Abra sua mente. Você acha mesmo que ter ido mal numa prova, terminar um namoro ou não poder fazer tal viagem são motivos grandes o suficiente para parar toda a sua vida? 

Que tal deixar a vida te levar um pouco? Com o tempo você descobre que o destino tinha um plano melhor, além de aprender com o erro. É por essas e outras que eu digo sempre e mais uma vez: respira, e não pira, por uma vida sem dramas desnecessários. 

Efeito Borboleta


Outro dia eu parei pra pensar qual meu filme favorito. Nunca tive um gênero de filme que eu gostasse mais. Quando eu tinha 13 anos, gostava daqueles filmes de amorzinho água com açucar. Passou um tempo e eu desacreditei no amor expandi minha mente e os filmes de aventura entraram na lista dos meus favoritos. 

Mas ainda não tinha achado o meu favorito. Até que outro dia assisti Efeito Borboleta pela milésima vez e tive certeza de que é esse o meu filme. Aí comecei a pensar os motivos.

Infelizmente (ou felizmente?) não tenho o poder de ficar indo e vindo do presente pro futuro, mas eu sempre penso nas milhões de vidas que eu posso ou poderia ter vivido, e nas consequências que cada uma delas me traria. Obvio que tudo é uma imensa suposição que eu nunca saberei se seria da forma como eu imaginei, mas a imaginação existe pra isso. 

Eu poderia ter mudado tudo várias vezes. Tive todas as possibilidades do mundo para não estar aqui, neste momento. Eu poderia não ter mudado de escola no ensino médio, que isso teria mudado toda a minha vida, meus aprendizados e meu modo de pensar. Ou quando eu resolvi fazer faculdade de Turismo, quando decidi mudar dela, quando escolhi ir atrás do que eu queria pra mim, e do que achei que era melhor.

De vez em quando penso nas vidas que eu poderia ter vivido. Se eu estivesse terminado a faculdade de turismo teria conhecido o Canadá e trabalharia num hotel. Se eu estivesse ficado no Mackenzie estaria estagiando na prefeitura e juntando grana pra comprar meu carro. Se eu não estudasse na GV, seria mais tímida do que já sou. São vidas que eu não vivi, mas que mesmo na minha imaginação, eu não teria aprendido tanto quanto nos caminhos que eu escolhi que me levaram a vida que eu tenho hoje. 

O futuro é resultado de todas as escolhas que você fez na vida, mesmo que indiretamente. Por exemplo: meus pais se conheceram no Museu do Ipiranga, num domingo em 1992. Meu pai morava no bairro e corria lá todos os dias, de manhã. Minha mãe morava do outro lado da cidade e nunca tinha ido no parque. O único dia que meu pai correu no museu a tarde, foi coincidentemente o dia que minha mãe tinha folga e resolveu conhecer o museu. Se meu pai mantivesse a rotina e corresse de manhã, ou se minha mãe não tivesse folga naquele dia, ou tivesse escolhido outro dia pra ir ao museu, eu não existiria o futuro dos dois seria completamente diferente. 

Se isso é destino ou não, eu não tenho nem ideia. Mas um dia, lá na frente eu vou entender como cada escolha que eu fiz influenciou a ser quem eu sou. Enquanto o futuro não chega, a única certeza que eu tenho é que eu aprendi muito com os caminhos que escolhi, e cá entre nós, foram os melhores caminhos que eu poderia escolher.

Sobre descobrir um nódulo (benigno)


Começou em Maio. Era um dia qualquer que eu fazia coisas comuns. A semana de provas tinha acabado, e até que eu estava bem á toa naquele dia, Dancei sozinha no quarto, fiz umas lições e resolvi tomar um daqueles banhos que lavam até a alma da gente. 

Senti um caroço em mim. Embaixo do seio direito. Duro. Tentei não pensar nisso, mas lá estava eu de novo conferindo pra ter certeza de que aquilo existia mesmo. Me passou um filme na cabeça.

2007. Minha vó diagnosticada com câncer de Mama. Fez radioterapia e o tumor sumiu por um tempo, mas voltou em 2009 mais forte e levou ela embora. 2010. Minha tia diagnosticada com tumor maligno nos seios, precisou amputar as duas mamas. Meu tio também passou por um leve caso de tumor no seio. O medo tomou conta de mim. 

Primeiro porque eu estava com suspeita de uma coisa que eu não saberia com quem nem como falar. "Acho que tenho um tumor, você pode me ajudar?". Bom, às vezes eu tivesse caído e me machucado. Sei lá, hipóteses. Achei melhor dar um tempo.

Passei o resto daquele mês com medo de morrer. Um medo que eu nunca tive antes. Pensei nas hipóteses que eu poderia ter se fosse algo realmente grave. Eu teria que voltar pra São Paulo. Talvez trancar meu curso em Ouro Preto. Talvez fizesse Publicidade em alguma faculdade de São Paulo. Talvez tivesse que largar a vida que eu demorei tanto pra conseguir. 

Sofri sim por antecedência. E calada. Ninguém era obrigado a carregar comigo esse peso, até porque eu não sabia o que era. Pensei em como tinha tão pouco tempo que eu vivia a vida dos meus sonhos e como era um presente de Deus eu ter vivido tudo aquilo. O medo tomou conta de mim. 

Fui pra São Paulo na primeira oportunidade que pude. Como contar isso pra minha mãe? Contei pra ela depois de ir numa festa junina com meus amigos, que fui embora sem me despedir porque comecei a chorar sem poder explicar o que estava acontecendo pra eles. 

A médica me pediu dois exames. Uma ultrassonografia e um exame de sangue. Deitei na maca e nunca um exame demorou tanto pra mim como aquele. Tinha uma tela que era visível ao meu olho. Observei como quem não se importa muito, mas me importando demais. O médico começou pelo seio esquerdo. Não tinha nada. Tudo normal. Depois o aparelho foi pro direito. 

Começou na parte superior, onde não tinha nada. Aos poucos foi descendo. Até que apareceu. Lá estava o bendito caroço que eu sentia. O médico fez o trabalho dele. Tirou as medidas e não comentou nada comigo. Passou o aparelho pelo resto do meu seio, e pro meu desespero, apareceu mais um caroço. Meu olho encheu de lágrimas. 

O dia seguinte foi imenso. Fui no cinema e assisti "A culpa é das estrelas". Saí do cinema aos prantos, e mais sem chão ainda. Péssima ideia estar com suspeita de ter um tumor e ir assistir um filme que falava exatamente disso. 

Não chegava 17:00 de jeito nenhum. Meu pai tinha combinado de ir comigo buscar o exame. Minha mãe ia sair mais cedo do serviço. Era oficial: as pessoas estavam realmente preocupadas comigo. E quando deu 16:30 eu saí de casa, sozinha. Eu precisava enfrentar isso de frente. 

Meu pai chegou uns 5 minutos depois que eu. Chegou com a mesma expressão de pânico. Peguei o exame e abri. Laudo: dois nódulos de aspecto comum e possívelmente benignos. Respiramos fundo. Não era o ideal, mas já era melhor que as outras possibilidades. 

Fui diagnosticada com dois Fibroadenomas no seio direito. Dois nódulos sólidos, sem líquidos. Um com 1,5 cm no centro do seio e o outro com 2,3 cm, palpável no quadrante de baixo. É o tipo de tumor benigno mais comum nas mulheres em período fértil, e surge normalmente entre os 20 a 40 anos, sem causa aparente. 

Comecei um tratamento de três meses tomando Esclerovitan. Não me privei das coisas que eu mais gostava de fazer, mas foi um período delicado. A médica tinha comentado que devido ao meu histórico familiar, se o remédio não fizesse efeito eu poderia ter que operar. O medo de acontecer algo que eu tivesse que tirar meu seio ou parte dele voltou a fazer parte de mim. 

Passei a conviver com isso de uma forma mais amigável. Contei pros meus amigos mais próximos, mas ninguém quer que todos no mundo saibam que você tem dois nódulos no seio, mesmo que benignos. Sou orgulhosa o suficiente pra não querer conviver com as pessoas tendo dó de mim. Sou forte. Sempre fui. Não era agora que eu ia fraquejar. 

Voltei pra Ouro Preto no final de Junho, disposta a mudar tudo na minha vida. Mudei de casa, doei metade do meu armário, voltei a escrever aqui, fazer dieta e atividade física e pensei em formas de não deixar que isso me afetasse. 

Se Deus tinha me dado a vida que eu tanto sonhei, eu devia aproveitar. Voltei a ir em festas, comi algumas besteiras, ri bastante, fiz novos amigos, e voltei a andar com um sorriso no rosto. Eu merecia viver o que estava vivendo, agora mais do que nunca. E eu voltei mais forte depois dessa experiência. Aprendi a dar valor a coisas que são simples, mas trazem leveza à vida. 

Me sinto uma jóia rara. Como se eu tivesse passado por um quase milagre. Eu sei que ainda não acabou e que tem muita gente no mundo em situações muito piores que a minha. Muitas vezes não podemos escolher ter um problema, mas temos a escolha de como vamos lidar com ele. E eu escolhi ir com um sorriso no rosto. 

Volto pra São Paulo daqui duas semanas pra refazer meus exames e retornar no especialista. Não tenho mais medo de operar. Sei que sou forte, e tenho pessoas maravilhosas do meu lado que me darão todo apoio do mundo se precisar. 

De qualquer forma, senti que precisava escrever esse texto como desabafo. Tem momentos na vida que não sabemos o que falar, nem como falar. Há coisas que só nós sentimos. Eu sei que ainda não acabou, mas agora sei que tenho forças pra lutar.

Obrigada a quem leu tudo e me acompanha sempre. 

Reciclando-me


(Buscando as palavras para começar esse texto).

Eu lavei a alma nesses últimos dias. Me deixei conhecer pessoas sensacionais, fui a festas diferentes, dancei, pulei, li, escrevi, aprendi a cozinhar algumas coisas. Não foram coisas extraordinárias, mas me fizeram sentir algo que eu não sentia a alum tempo: eu me reciclei.

Não que eu não gostasse da Kamila de antes, só acho que a possibilidade de eu ter algo sério me desestabilizou um pouco. É esquisito quando temos um plano e do nada surge algo que tira a gente do eixo. Ninguém gosta de perder o controle das coisas.

Eu ainda tenho meus medos, mas aprendi a lidar com eles. Reciclar é isso. Aproveitar algo que já existia para uma nova finalidade. Eu escolhi pegar os medos que eu sentia e transformar em planos de ação.

Felicidade a gente não descreve. A gente sente. Me sinto leve. Eu me reciclei. Recomecei.


O novo layout do blog e a minha vida


Quem me conhece há mais tempo sabe o quanto sou adepta a mudanças. Vivo todos os dias num exercício novo de desapego. Sou o tipo de pessoa que quando sofre um trauma, passa uns dias mal e depois busca um novo recomeço, do zero.

Quando recomeçamos damos uma chance pra nós mesmos de ser feliz de novo. Nos damos uma nova oportunidade de conhecer lugares novos, pessoas novas, fazer coisas que jamais faríamos, viajar, escutar novas músicas, expandir nossos horizontes. 

E foi assim que eu vivi meus 20 anos de vida: mudando, sempre me dando uma nova chance, indo atrás do que me faz feliz. Porque eu prefiro uma vida difícil e feliz do que uma vida cômoda e infeliz. E vocês acompanharam parte das minhas últimas mudanças: sair da faculdade em São Paulo, mudar pra Ouro Preto, minha primeira república, quando morei sozinha, e agora, que mudei para outra república. Minhas decepções, meus medos, meus amores, meus desafios,minhas vitórias e até minhas aventuras. 

Pois é. Mais um ciclo começa pra mim. Estou estabilizada em Ouro Preto. Faço o que amo. Meu tumor não apresenta perigo nenhum pra mim. E eu desapeguei. Tenho novos planos, novas ideias. Sair do sedentarismo, aprender uma nova língua, entrar para o escritório modelo, aprender a cozinhar..

Acho que com tantas mudanças, eu senti que meu cantinho também precisava mudar. Porque de certa forma, o blog me acompanha em tudo o que acontece comigo. E aí que entra o novo layout. 

Passei os últimos dias pensando em como queria que fosse, e por algum motivo as ideias não encaixavam de jeito nenhum. Foi quando eu estava à toa no Facebook e vi uma postagem da Laura Guernett num grupo de divulgação de blogueiras vendendo esse layout. Foi amor à primeira vista e exatamente o que eu procurava. Não deu outra. A nova roupa do Ka com K tinha que ser essa.

E por aqui damos tchau à Kamila da vista de Ouro Preto, que me trouxe tão bons momentos. Mas desapegar é assim: precisamos abrir mão de algo que foi bom, para que algo melhor chegue. Hora de aquarelar minha vida.


Au revoir!

Dez dias



10 dias. Mudança. Copa. Final de Semestre.


É um novo começo. Mudanças fazem bem.






Vem novidade por aí;

O que faz você feliz?




Dormir mais cinco minutinhos, abrir uma encomenda dos correios, dançar sozinha no quarto, cantar no chuveiro, comer um X-tudoemaisumpouco num sábado a noite, ficar à toa no mirante da UFOP, achar passagem barata pra casa, ir numa festa e me acabar de dançar, ir pra casa da minha vó, receber um beijo roubado, uma surpresa qualquer hora, tirar uma foto legal, chorar de emoção no final de um livro, assistir filme no cinema com pipoca amanteigada, jogar boliche com os amigos, fazer um strike, ter inspiração pra escrever, fazer um prato e ficar gostoso, dormir na chuva, achar uma série que me prenda, poder ficar na cama domingo de manhã embaixo de três camadas de cobertor, abraçar minha mãe, brincar de quem sou eu com meus amigos, comer uma barra inteira de chocolate ao leite sem culpa, inventar uma gororoba nova com o que tem em casa e ficar gostoso, receber um elogio do meu pai, achar uma promoção fantástica, soprar no frio e sair "vento" da boca, saber que consegui ajudar alguém, comer biju com ovo que meu pai faz sábado de manhã, receber mensagem de bom dia, melhorar de uma gripe, pular numa piscina, tomar sol na praia, jogar video-game com meu irmão, escutar uma música antiga que eu nem lembrava mais, viajar de avião, jogar baralho com meus amigos, ver meu melhor amigo recuperado e bem, passar numa prova difícil, passear no shopping com a minha mãe, comer comida japonesa, cantar Faroeste Caboclo, passear pela Av. Paulista à toa, frappuccino de chocolate do Starbucks, torrada com orégano da minha tia, receber um cartão postal, receber um comentário no blog, o céu estrelado de Ouro Preto, dormir de conchinha, dormir numa rede, escutar "Só FaltaVocê" no carro do meu pai, fazer cafuné, me apaixonar, revelar fotos, usar batom vermelho, 14 de Julho, achar alguma velha roupa legal, passear no Museu do Ipiranga, ler as cartas que eu já recebi....


e principalmente, saber que tem mais coisas que me faz feliz do que triste.

Vinte anos

Ter vinte anos me assusta. É desesperador pensar que os próximos anos vão decidir grande parte da minha vida: o início da minha carreira, a possível estabilização da minha vida amorosa, meu amadurecimento como pessoa. É bizarro ver as pessoas que cresceram com você casando ou tendo filhos, vivendo a vida que parecia tão distante há um tempo atrás.

Eu tenho medo de ser adulta antes de conseguir meus sonhos de adolescente. Vivo uma espécie de corrida contra o tempo pra realizar as coisas que sempre quis e não deixar passar as coisas que ainda estao por vir. Não que eu não possa inverter as ordens, mas algo me cobra pra fazer isso agora. 

Hoje eu vivo uma espécie de adolescência responsável. Aprendi a beber, mas de vez em quando passar da conta faz bem. Aprendi também que festas só são boas quando as pessoas que te cercam te fazem bem. Metade das pessoas de uma festa são superficiais e não querem te conhecer de verdade, mas se encantaram pelo que imaginam que você é. Depois dos vinte isso fica bem claro na sua cabeça. 

Depois de quebrar a cara amando loucamente, não que você ame menos depois dos vinte: mas aprende a se proteger do que te fez mal. Aprende a se iludir menos e se surpreender mais. E quando você se da conta disso, percebe que não tem mais tanto pique pra viver tantos rolos, e começa selecionar o que vale a pena continuar vivendo. 

Você olha pro seu mural de fotos e vê que coleciona mais momentos e mais saudade. Alguns vão sumindo pro tempo, outros se mudaram pra longe, e a cada dia que passa, se distância mais de tudo aquilo que você viveu em cada foto. As festas de 15 anos, a formatura do colégio, o começo da faculdade... 


...e estar a cada dia mais perto de virar seus pais. Você entende um pouco de política e enfrenta o trânsito todo dia. Busca um trabalho que supra suas vontades e que de pra equilibrar com a juventude que há dentro de você.

Sabe, ter vinte anos ainda me assusta. Ainda ontem o tempo parecia passar tão devagar, e agora, praticamente voa. Mas de uma coisa eu tenho certeza: o melhor da minha vida é agora, afinal, as melhores lembranças da vida acontecem com vinte e poucos. 

As partes de mim e o que aprendi com elas juntas


Quando eu resolvi que ia mesmo sair de casa, largar a na teoria melhor faculdade de Arquitetura particular de São Paulo, eu tinha uma série de conjuntos que resultavam nessa decisão, mas sei que o maior deles era poder ter a chance de tentar um Ciências sem Fronteiras e viver fora do Brasil, coisa que eu sei que seria impossível que meus pais ou eu com salário de estagiária bancasse. Não me importo com o que os outros digam, se fiz bem ou  mal, fiz o que achei que me faria mais feliz.

Faz 4 meses que cheguei em Ouro Preto, e um que moro sozinha. Não conhecia ninguém quando cheguei aqui, e não sabia nem onde era a padaria mais próxima. Aprendi demais nesse tempo todo. Coisas boas e ruins. Desde a cuidar de uma casa a aprender a hora de parar de beber. Coisas que eu concordo que poderia ter aprendido em São Paulo, mas jamais teriam o mesmo impacto que teve comigo ter aprendido aqui, sozinha. 

A gente aprende que a saudade aumenta, a vida do passado não existe mais, e talvez o mais estranho: tudo o que você deixou pra trás continua, e sem você. Existe alguém no escritório que trabalha no meu lugar, a cada dia que passa meu irmãozinho que vi nascer se torna um homem, meus amigos continuam se encontrando toda semana e a minha turma da antiga faculdade tá a cada dia mais perto de pegar o diploma. Tudo isso depois que eu fui embora. Perdi encontros, aniversários, brincadeiras que por mais que me contem, eu nunca saberei como foi viver aquilo. É o preço que se paga por começar de novo. 

Acho que eu tinha a ingenuidade de acreditar que se eu fosse embora, o mundo ia continuar igual. Acontece que o meu mundo que antes já era dois (a Kamila de São Paulo, e a Kamila da casa da vó em Minas), agora virou três, com a Kamila de Ouro Preto. E o mais engraçado é que por mais que eu quisesse voltar e retomar minha vida do jeito que ela era antes da minha matrícula, eu nunca conseguiria, porque uma parte de mim já está em tudo o que eu vivi depois que eu fui embora. Uma parte de mim está em cada um dos lugares, e os três lugares juntos e separados formam a  Kamila. E eu não saberia viver em qualquer um dos três, sem sentir saudades dos outros dois. 

E vai ser assim sempre. Saudade é uma coisa bizarra. Você sente saudade da vida que era, naquele momento. Mas nem sempre viver de novo resolveria esse sentimento. Por mais que você tente e coloque todas as pessoas juntas de novo, no mesmo lugar de antes, cada um passou por diversas coisas que mudou a forma de agir, pensar, inclusive você. E estamos sujeitos a isso desde crianças,  e a cada dia mais. Quando você muda de escola, namora, entra na faculdade, muda de emprego, sai da casa dos pais, se casa, quando seus filhos saírem de casa...

A cada dia que a gente vive, deixamos de ser quem éramos ontem, e somos um pouco mais hoje. Somos um pouco de tudo o que vivemos, e do que queremos e buscamos viver. Antes de sair de casa, eu achava que quando eu  morasse sozinha, seria o ponto de equilíbrio entre meus dois mundos. Hoje, vejo que não adianta tentar fugir. Eu sempre vou criar um mundo a mais.

Conhecer pessoas novas, e morar sozinho é uma experiência maravilhosa. Só estou dizendo o lado que as pessoas não conhecem, ou preferem fingir que não sabem. Você pode ser quem você quiser no seu mundo novo. Mas nunca mais voltará a ser quem era antes de tudo isso. Nem você e nem o mundo. 

Mas de todos os meus medos, o maior deles é de um dia ser só lembrança. Alguém que foi e não soube como voltar pra algum desses mundos. Alguém que esqueceu quem foi um dia. Alguém que se perdeu no tempo. E pra isso não tem remédio nem fórmula. Pode ser que aconteça ou não.

Não importa se estou em Ouro Preto, São Paulo, Guaraciama ou em algum mundo que eu ainda não conheço. Em todos eles, eu vou deixar de viver uma coisa, pra viver outra. Não que eu vá me arrepender. Mas sempre uma parte de mim vai perder alguma coisa, boba talvez, como um abraço de pai e mãe, mas só quem não tem, sabe o quanto vale.

Esse texto foi inspirado em "O que acontece quando você vive no exterior", e mesmo que eu nunca tenha ido pra fora do Brasil, a sensação que eu tenho é exatamente a mesma. 

Máquina do tempo


Hoje é um daqueles dias que sinto um aperto que não sei explicar.  Talvez seja a aula de cálculo ou de Geometria Descritiva, mas eu sei que o problema não é esse.

Cheguei em casa, liguei o computador e comecei a ver fotos antigas. Cinco, seis anos atrás. Como as coisas eram diferentes, e como tomaram rumos inesperados. Vivi tanta coisa, conheci tantas pessoas que jamais imaginaria conhecer. Mas também me decepcionei com muitas pessoas, me machuquei bastante.  Se eu pudesse voltar no tempo, o que eu faria?

Tudo o que eu fiz foi tentando acertar. Ninguém quer fazer algo que dê errado, ninguém gosta de ficar triste, não ter o cara que gosta ou brigar com alguém. Mas quem erra, não erra duas vezes pelo mesmo motivo, e sempre tem outra chance de acertar.

E por algum motivo eu tinha que estar aqui, agora. Nem antes, nem depois. Eu tinha que ter passado por tudo o que eu passei. Tinha que ter conhecido essas pessoas, no momento que tudo aconteceu. Tudo isso faz parte de um futuro maior que eu não tenho nem ideia de como será.

Se eu pudesse, entraria sim na máquina do tempo, e viveria tudo de novo. Pra sentir menos saudade de algumas coisas que a vida levou ou só pra viver tudo isso de novo.

Aperta o play, antes das fotos viu?
                                               Fim de Ano by Rafinha on Grooveshark
























Ma, roubei essa foto de  você!





























Mas nada vai conseguir mudar o que ficou.
KA COM K
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